Caminhando.

Caminhamos sem destino. Sem qualquer direcção. Vagueamos por entre os carros, as pessoas, as casas e as árvores. Vagueamos porque sentimos que há um vazio. Que não há um rumo certo que devemos tomar. Não sabemos o que sentir. Não sabemos se estamos bem ou se estamos mal. Não sabemos se estamos felizes ou tristes. Nem sabemos se sorrir ou chorar. Só queremos que aquele vazio seja preenchido por alguma coisa que faça mais sentido do que nós proprios naquele momento. Queremos que algo deixe de assombrar a nossa alma. Que se soltem as algemas do que nos prende ao chão. Que ao regressar a casa tudo seja diferente, tão diferente do que antes de sairmos para vaguear pela rua. Deambulando entre sons e relevos tentamos activar o pensamento. Tentamos ganhar asas e voar. Mas sentimos o peso de nós proprios. Falta-nos a levesa e as asas. Achamos nós. Sim, achamos. Porque as asas sempre estiveram em nós. Os pensamentos é que são pesados, não somos nós. Vagueamos, não porque não sabemos o caminho para casa, mas sim porque nos perdemos dentro de nós proprios. E assim, voltamos para casa. Abre-se a porta, que o vento irá fechar. Sentamo-nos no parapeito da janela e olhamos o nosso mundo, até chegar ao caminho certo onde nos encontraremos.