Estava frio. Frio de Inverno, onde o ar que expiramos forma uma nuvem branca em redor do nosso nariz. À minha volta, existiam duas realidades paralelas. Duas realidades que vivia em simultâneo... Ao fundo ouvia-se o mar. Os meus pés, gelados e engelhados, estavam sobre a areia húmida do fim da tarde. No céu brilhava um sol envergonhado pelas nuvens. Na minha cabeça ecoavam os sons dos assuntos. No coração sentia-se o aperto, a confusão... Caminhando ao longo do areal, divagações diversas entre o passado, o presente e o futuro, vinham ao de cimo dos pensamentos. E eu, vagueava perdida por ali, tentando decidir o que não sabia. Tentando resolver o que não sabia resolver. As ondas pulsavam cheias de vida. As ondas do mar e as ondas do meu interior... Sim, porque dentro de mim também há um mar meu... Sinto-me perdida em mim, perdida no meu contexto. Quero sair deste embaraço de ligações, emoções e sensações. Quero livrar-me de tudo o que me prende e de tudo o que me culpa. Quero tomar rumos e caminhos novos. Desconhecidos, mas novos. Quero continuar a seguir em frente depois desta travagem brusca de hoje. Sento-me na areia. A praia está deserta. Fico ali, sozinha fisicamente, mas acompanhada por tudo o que me assombra por dentro. Sabia que as decisões tinham de ficar tomadas naquele espaço de tempo. Não haviam desculpas nem tempo para pôr mais dúvidas a mim mesma. Era tempo de decidir. Qualquer que fosse a minha decisão seria dolorosa. Ia custar sempre. Mas ia ser a minha decisão. Ia ser o meu caminho a seguir. E, depois disso, não haveria possibilidades de voltar atrás... E fiquei ali sentada, imóvel fisicamente, horas a fio...
Lindo...Marcante...Também eu me identifico tanto com o mar...Nao da pa descrever...simplesmente sentir*
ResponderExcluirLindo...Marcante...Também eu me identifico tanto com o mar...Nao da pa descrever...simplesmente sentir*
ResponderExcluir