domingo, 24 de fevereiro de 2008

★ Fugir

Foges sempre. Não adianta negares nem fugires mais uma vez ou até dares a volta ao assunto. Eu sei. Eu sinto. Eu vejo. Confronto-te com isto ou aquilo e tu calas-te. Calas-te e foges. E eu fico aqui. Não sei se foges das palavras ou se foges de mim, mas foges. E eu sei. Eu sinto. Eu vejo. Antes não percebia, achava que não era possível, que não o farias e que simplesmente ignoravas tudo o que vinha de mim. Agora sei que foges. Não entendo porquê, ou simplesmente não quero entender. Se calhar também eu fujo. Se calhar também eu quero fugir. Se calhar também eu não quero ver o que está diante de mim e agir. E então fujo. Fugimos os dois. Mas porque é que não fugimos para o mesmo lugar? Se calhar porque fugiríamos mais uma vez. Vivemos neste impasse. Eu sonho enquanto tu vives na minha realidade. Muitas vezes vagueio, imagino como seria se não fosse assim. Depressa acordo. Não, não vale a pena sonhar hoje. Isso consumia-me. Mais uma vez te procuro e mais uma vez tu foges. Mais uma vez te confronto e mais uma vez tu foges. Mas porquê? Não entendo. Não te entendo. E fujo. Fujo de ti, mas sei que depressa regressarei. Como tu também regressas sempre. Mas que realidade é esta? Tudo permanece intacto, como que inquebrável. Sempre assim foi. Sempre assim será. Porque eu fujo. Porque tu foges. Porque eu sei. Eu sinto. Eu vejo.

Um comentário:

  1. "...porque é que não fugimos para o mesmo lugar?"

    Ora aí está a pergunta que eu faço todos os dias mentalmente, num monólogo para ninguém, a pensar em alguém especial. É desanimador sofrer por alguém que não nos dá a atenção que necessitamos.

    Gostei muito do teu texto. E compreendo perfeitamente a tua situação. Coragem.

    Beijinhos.
    João

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