E se um dia, inesperadamente, expuseres as tuas ideias em voz alta falando com alguém que tens em mente?
Costumava descrever-te pormenorizadamente, como se isso fosse possível... Costumava olhar em redor e recolher todos os elementos que me guiam a ti... Costuma tentar explicar-te que existem realidades paralelas e que cabe-nos a nós encontrar o nó onde elas de cruzam numa só... Costumava explicar-te as minhas lágrimas gota por gota, justificando porque as fazes cair... Costumava contar-te os meus sonhos e imaginar-te sorrindo para mim... Costumava contar-te os meus segredos, mesmo os mais embaraçosos... Costumava vaguear contigo para onde quer que fosse... Contava-te todas as minhas histórias e todos os meus dramas... Costumava questionar-te sobre todas as minhas dúvidas e todos os meus medos...
Um dia, como que por acaso, apercebi-me que nunca me respondias... Que nunca me pedias explicações... Que nunca te justificavas... Que nunca sonhavas comigo... Que nunca partilhavas os teus sonhos e os teus sorrisos... Que nunca admitias os teus medos... Que nunca me davas as tuas opiniões... Que nunca me colocaste dúvidas ou questões esperando uma resposta lógica... Um dia descobri que afinal todos os meus diálogos não existiram na realidade, mas sim na minha mente... Os supostos diálogos eram sempre monólogos... Monólogos comigo mesma, de mim para mim... Monólogos para ninguém...
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
★ Monólogos para ninguém
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"...Os supostos diálogos eram sempre monólogos... Monólogos para ninguém..."
ResponderExcluirUm dia vou querer usar esta frase. Se me deixares claro... ;)
Nem imaginas a maneira como me revejo nestas tuas palavras. E nem imaginas as vezes que estes diálogos se desenrolam apenas entre mim, mesmo quando as outras pessoas estão presentes... mas apenas fisicamente.
(Gostei muito do texto. E a foto foi também muito bem escolhida)
Beijinhos,
João