domingo, 22 de fevereiro de 2009

Já parti





















Usar palavras para expressar sentimentos é tão
inútil como chover no molhado!
Mesmo que digas uma
enxurrada de palavras bonitas, adjectivistas e expressivas nunca vais conseguir dizer tudo o que queres dizer, mesmo que o sintas!
Aprende a sentir em vez de falar!
Aprende que não é por não quereres sentir que vais deixar de sentir.

Aprende que os gestos mais belos são aqueles que tu sentes e não aqueles que me contas.

E mesmo que, um dia, eu te explicasse, com todas as letras, o quanto eu te amo e te explicasse o que significa amar-te, ter-te (ou não te ter) e o medo que tenho de te perder, tu não irias entender.

Não irias conseguir sentir o que só eu sinto.

Nem sentir o que só eu sei sentir.


Falas-me do que tu sentes e eu finjo que entendo...
Na verdade, só tu entendes porque só tu sentes.

Mas tu não percebes...

Perdoo-te as ausências e marco-te na presença do hoje, do aqui e do agora.
Mas, mesmo assim, amanhã não sei se vais cá estar do mesmo jeito.

E mesmo que estejas em presença, não quer dizer que a tua presença esteja presente.

Porque tu voas em pensamentos e perdeste nos teus momentos, esquecendo que os teus momentos fazem parte dos meus.

Esquecendo que eu disse que te amava porque, na verdade, quem sente sou eu e tu apenas ouviste as minhas palavras!

Mais tarde, sabes que esse esquecimento perderá a importância que tem agora, porque sentes que eu te sinto!

Não porque eu te tenha dito, mas sim porque tu sabes que eu também o sinto.
E eu volto a perdoar-te e volto a estar aqui quando voltares dessa tua longa viagem espiritual.
Porque tu sabes que eu sei que amar-te é mesmo assim: esperar pelo incerto agarrando o que me fazes sentir, suportando as tuas ausências e suplicando as tuas presenças. É a incerteza do incerto e a luta pelo que tu és mas não mostras. É fingir que está tudo bem só para não te perder mais um bocadinho à medida que os dias passam...
Mas e se um dia não for mais assim?

Porque um dia eu sinto que já não vai ser assim...

Mas tu não acreditas e dizes-me que são apenas palavras que não sinto!
Enganaste nessa tua verdade mentirosa que não sentes mas dizes.
E eu vou (-me) acabando por ficar!

Mas, um dia, quando eu deixar de (te) sentir, mesmo não dizendo nada, tu saberás, sentirás...

E aí quem vai suplicar com palavras o que os sentimentos dizem, és tu.

A viagem espiritual será minha.

As ausências serão minhas e as presenças tuas.

Os momentos serão apenas teus e não nossos ou meus.
A saudade, a incerteza, o medo e as lutas vão ser tuas e já não vais conseguir fingir que está tudo bem!
Porque eu fui embora e quem sente és tu!


As palavras tornaram-se inúteis e os sentimentos também...
Não digas nada, não vale
a pena!
Eu já parti.



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