Saí porta fora.
De que adiantava ficar aqui fechada entre mim e as paredes a remoer situações? Só servia para remoer ainda mais.
Passo largo, como que na pressa de alcançar alguém, com o frio quase a cortar a pele… A respiração tornava-se cada vez mais ofegante a cada minuto que passava. Dentro da cabeça, milhares de pensamentos me invadiam. Não conseguia conciliar a calma com a lógica nem a paciência com a lucidez. Estava descontrolada. E a culpa era toda tua, toda.
Porque é que tens esse teu jeito de ser, porquê?
Se agora te detesto no minuto a seguir já te adoro. Irritas-me, levas-me ao extremo. Mas isso prende-me mais a ti do que me separa. Tem lógica? Não, não tem. E se agora estou assim, ao mesmo tempo desejo ter-te aqui, comigo. Abraçar-te e não largar mais. Aninhar-me em ti e ficar, simplesmente assim. Tu sabes que tens este efeito em mim, tu sabes tão bem. E provocas-me ainda mais, como se não fosse suficiente tirares-me do sério…
Paro. Apercebo-me que não vale continuar a andar tão depressa, afinal não está nem ninguém à minha espera, nem ninguém a correr atrás de mim. O passo torna-se mais calmo. E eu volto a perder-me nos meus pensamentos sobre ti. Mais lúcida de que, se nada entre nós fosse assim, já te tinha largado há muito tempo. Já te tinha virado as costas e já te tinha deixado partir. Mas não consigo. Quero-te aqui, mais do que nunca, mais do que antes, mais do que alguma vez quis alguém…
Os dias foram passando e a estranheza da situação continuava enrolada em mim e em ti, em coisas que me destruíam e que pareciam não ter fim… Exausta de pensamentos e de sentimentos. Exausta de mim.
Mais uma vez sai. Enfiada no metro, simplesmente deixei-me estar… E fui sentar-me à beira rio a tarde toda. Havia um silêncio profundo entre mim e o mundo. Não haviam nem palavras nem pensamentos que sustentassem qualquer sentimento. Havia apenas a tristeza de alguma coisa tão inexplicável como tu. O mundo estava turvo. Tinha ficado ali um espaço vazio e incompleto… E, de repente, como que embalado pelo som do vento na água, surgem todos os pensamentos, todos os momentos, todas as palavras em turbilhão. As ideias lógicas atropelavam-se numa desordem. O que antes era um tudo tinha-se transformado em pó e voado ao sabor do vento… A tua ausência é insuportável.
O sol foi-se pondo, e sem conclusões, também o meu mundo escureceu.
Os meus passos levaram-me de volta a casa. Automaticamente.
Sabia, apenas, que no dia em que te perdesse, perdia-me também…
(Continua…)
olá , passei por aqui e não resisti a deixar um coment, uma maneira muito peculiar de escrever simpatica e bonita com sentimento metido dentro da primeira pessoa. carissima vá escrevendo que vou lendo .lol gostei ! abraço!
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