domingo, 26 de abril de 2009
Flowers for your grave
Ainda agora o sol nasceu.
Esta brisa leva-me o olhar e os sussurros das minhas confissões.
Já não queima por dentro, já não doí.
Porque a brisa é fresca e apaga qualquer vestígio de mágoa, aqui.
Já gastei as palavras e já perdi o tempo.
As ampulhetas são de cristal e, por isso, também se partem.
Mas o meu coração não era de cristal e partiu.
Não!
Ele quebrou. Tu é que partiste.
Ou terei sido eu que quebrei e o coração que partiu?
Não!
Não quero esse fim para esta história.
Por isso, exijo que tenha sido eu a partir e o coração a quebrar...
Assim parece doer menos...
E no fim, quem ficou sozinho foste tu.
Porque a mim, depois de partir, ainda me resta o coração quebrado.
Hoje vou deixar esta janela aberta.
A vista para o meu jardim é tão bonita.
O céu está azul e, agora, o sol já vai alto.
Mas a brisa ainda é fresca.
Necessito tanto desta brisa...
Cada vez mais necessito dela...
Porque não abres a porta? - questionas-me.
Não posso.
Primeiro, quero voltar a plantar as minhas palavras, gastas, num vaso.
Quero reconstruir a minha ampulheta e (re)criar o meu tempo.
Quero colar o meu coração, quebrado.
E por fim, quero fechar a janela e abrir a porta.
Aliás, quero sair por esta porta fora.
Depois, vou colher flores e leva-las à tua sepultura.
Para que saibas que mais do que morto, estás enterrado!
Para sempre.
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